RENASCER: "Precisamos um do outro para viver"

Noticia renascerNeste sábado (27 de novembro), a edição do Jornal Folha da Manhã trouxe o caderno RENASCER, um especial falando sobre Saúde e Educação. Na publicação, alguns profissionais comentam sobre o impacto da pandemia da Covid-19 até aqui, além das projeções para 2022.

Entre as pessoas que contribuíram para o caderno está a psicóloga do Departamento da Família do Centro Escola Riachuelo, Hellen Gomes, que teve um artigo publicado.

Confira o artigo:

Precisamos um do outro para viver

Os anos de 2020/2021 foram mundialmente atípicos em todos os aspectos. A pandemia causada pelo novo Coronavírus abalou toda a humanidade e fez com que todos precisassem se reinventar e se superar para vencerem esse grande desafio.
Tal desafio foi enfrentado, também, pelas escolas. Todos os setores tiveram que sofrer adaptações para continuarem a desenvolver seu trabalho da melhor maneira possível, dentro das limitações impostas pela realidade.
O ensino on-line logo ganhou força e passou a ser a forma de as escolas fazerem valer o ano letivo, porém, apesar de ser a única solução para o momento, muitos alunos apresentaram dificuldade para aceitar e se adaptar. Não só os filhos, mas muitos pais também demonstraram essa dificuldade e até rejeição ao novo método de ensino.
No começo foi um susto para todos. Alunos que tiveram que aprender a distância sem ao menos terem sido preparados para essa nova realidade. Pais que foram obrigados a se verem na difícil missão de escolarizar um filho enquanto trabalhavam dentro da própria casa. Professores que precisaram se adaptar e muitos não tinham nem equipamentos para isso.
Foi um momento de caos e a boa, velha e necessária parceria que tanto lutamos entre escola e família foi imprescindível para avançarmos nesse processo. No Centro Escola Riachuelo, durante o período de aulas remotas e híbridas, o Departamento da Família atuou de forma próxima aos lares na busca de acolher as necessidades, colaborar para que os alunos se adaptassem e desenvolvessem não apenas o aspecto cognitivo, mas também o aspecto socioemocional.
Pois bem. “Vencemos”. Entre aspas, porque a luta ainda não acabou. Na verdade temos ainda uma guerra pela frente, pois como escola, agora com o retorno presencial, é que poderemos mensurar melhor os efeitos na vida dos nossos alunos não apenas na questão dos prejuízos na aprendizagem no que diz respeito a conteúdos que deveriam ser aprendidos e nas habilidades que deveriam ser desenvolvidas, mas principalmente no aspecto emocional.
Durante o isolamento muitos alunos desenvolveram estresse, ansiedade, depressão, tendência suicida e à automutilação. A proximidade com a família em tempo quase integral foi muito positiva em famílias bem estruturadas e que possuem bom relacionamento, mas há casos em que a convivência dentro de um lar conturbado desencadeou sérios problemas que interferiram nas relações sociais e, consequentemente, na aprendizagem.
Muitos pais e alunos nos procuram solicitando ajuda. Por vezes, professores observam comportamentos atípicos e nos informam. É neste momento que entramos em cena. Primeiro, fazemos contato com quem trouxe a demanda para entendermos melhor a queixa e depois avaliamos se a necessidade do aluno é cognitiva ou emocional, então, encaminhamos para o setor de psicopedagogia ou para o setor de psicologia para dar o apoio necessário com o objetivo de proporcionar maiores condições para que aprendam de forma significativa e desenvolvam habilidades emocionais que proporcionam equilíbrio, segurança e confiança, fortalecendo a inteligência emocional do aluno.
Em casos mais comprometedores, conscientizamos os responsáveis sobre a importância de fazer acompanhamento contínuo com profissionais da área fora do ambiente escolar e fazemos os devidos encaminhamentos .
Desejamos oferecer um atendimento humanizado, diferenciado, acolhedor, no qual colaboradores, alunos e pais possam sentir-se valorizados e compreendidos nas suas necessidades pessoais, possibilitando maiores realizações.
O mundo mudou. O que nos espera ainda é um tanto desconhecido. Precisamos estar preparados, mas não sabemos ao certo o que enfrentaremos. Não há uma receita pronta que nos dará o produto final que desejamos. Mas uma coisa aprendemos nessa pandemia e não podemos mais esquecer: somos seres interdependentes, ou seja, precisamos um do outro para viver.

*Héllen Gomes, psicóloga do Departamento da Família do Centro Escola Riachuelo